Como se fosse o ultimo fio de uma vida prestes a ser cortado,
estava aqui um sentimento guardado e sufocado ainda em meu peito, um tempo que
eu não tinha estava se acabando e havia uma espera eterna de cá e uma duvida de
lá; a raiva, o rancor e desejo de vingança foram sempre sentimentos numa
vertente que se manifestavam mais vorazmente em mim, mas também o afeto que
queria proteger inocentes que se machucariam mais ainda se estivessem perto conseguia se irradiar,
uma mascara eu usei é verdade, e me mascarei tão bem que quem me queria bem
não me reconheceu mais, e não conseguiu compreender quando eu quis dizer que o
sentimento que me era devotado, era o que eu precisava e só me bastava apenas o
convite: “Esqueça isso ai, venha comigo e vamos ser felizes” pra mudar meu rumo
da historia, aprendi com a vida a não me oferecer pra nada, creio que seja trauma
de um passado mais remoto e imaginável. Tentei por uma vez ainda, numa pergunta
tão inibida na tentativa de quem sabe de um reencontro de mãos, que foi
respondida com uma cara feia, e além de um “suma da minha vida” que já tinha
escutado antes quando procurei braços
para um abraço tão esperado, uma noite
após a uma punhalada pelas costas, me tornando mais amargo e inibido, mesmo
sabendo que aquilo que escutei não significava que eu já saíra de um coração,
me enrolei em trapos com vergonha e me escondi como uma múmia ,e os maus
sentimentos se sobrepuseram aos trapos numa ânsia de vingança sufocando o nosso
lírio branco .
Assim como na esperança da mumificação, esse lírio hoje
resurgiu criou força, criou luz e esperança, quebrou essa crosta de pedra que
me cobria me tirou as trapos e me fez ver a luz do Sol, como uma estrela guiando-me
até quem me esperava todas as tardes, vindo do mar.
E fui, olhei bem dentro daquelas duas janelinhas que me
falavam mais que a boca, e cantei todo o enredo do meu samba... um fio de
esperança se abriu entrelaçando o fio da vida do sentimento que estava prestes
a sem romper, dando rigidez ao que chamo de amor.
A certeza apenas da incerteza, me deixa mais instável ainda
e obcecado por numa cautela para não ser oferecido, incoerente e inconveniente,
busco sem saber a estrada a seguir , o
caminho de volta para minha casa dentro de um coração . Fui bem recebido na
portaria mas ainda não consegui voltar para meu lugar. Totalmente desarmado
recentemente, fiquei sem estratégias e sem truques; límpido, indefeso e
transparente, fico eu agora a contar com Deus e sorte para que surja apenas uma
oportunidade que será a suficiente para reafirmar o nosso elo.
Que os anjos do céu leiam essa minha carta e que toquem em
algum anjo na terra dando a inspiração e a direção na construção de uma ponte
sólida, pois toda ajuda é bem vinda , venha de onde vier.
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